segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sucessão Primária e Secundária

Sucessão primária e secundária



As sucessões ecológicas podem ser caracterizadas a partir do potencial de adaptação de comunidades pioneiras em ambientes anteriormente inabitados, ou pela substituição destas por outras, com melhor tendência ao equilíbrio, estabelecendo comunidade clímax de acordo com os fatores abióticos: temperatura, umidade, insolação, pluviosidade e outros, perdurando por várias décadas, alguns séculos ou milhares de anos. 


Normalmente, as espécies colonizadoras são as gramíneas ou demais plantas de pequeno porte, com esporos ou sementes transportados pelos ventos, se instalando em locais inóspitos, suportando as adversidades climáticas (solo pouco estável, escassez de água e calor intenso), abrindo caminho para a povoação de outros organismos. 



Dessa forma, entende-se por sucessão primária, aquela que ocorre em regiões estéreis (sem vida), por exemplo, terrenos cobertos pelo extravasamento e escoamento de lava, rochas expostas por recuo de geleiras, ilhas vulcânicas ou dunas de areias. 



E secundária nos locais já habitados cujo equilíbrio foi rompido devido alterações ambientais drásticas, causadas ou não pelo ser humano. 



Essa condição configura o cenário observado em plantações abandonadas, matas destruídas por incêndios e lagos que secaram, sendo a vegetação parcialmente ou completamente destruída. 

No bioma cerrado, as sucessões ecológicas se alternam em conseqüência dos eventos naturais de queimadas, recompondo sazonalmente essa fitofisionomia.


Sucessão ecológica é o desenvolvimento de uma comunidade ou biocenose, compreendendo a sua origem, crescimento, até chegar a um estado de equilíbrio dinâmico com o meio ambiente. Tal dinamismo é uma característica essencial das biocenoses.
Toda biocenose é influenciada pelo seu biótopo, e reciprocamente todo biótopo é influenciado pela sua comunidade.
Dada a variabilidade dos fatores climáticos, geológicos e bióticos, a evolução será obrigatória, apenas com velocidade dependente do caso particular. Ação: é a influência exercida pelo meio ambiente sobre a comunidade. Reação: é a influência exercida pela comunidade sobre o hábitat (destruição, edificação, modificação). Coação: é a influência que os organismos exercem entre si. 


Estágios da sucessão ecológica

A sucessão não surge repentinamente, de uma forma abrupta, mas sim num aumento crescente de espécies, até atingir uma situação que não se modifica com o ambiente, denominada clímax. Uma sucessão pode iniciar-se de diversas maneiras: numa rocha nua, numa lagoa, num terreno formado por sedimentação etc.
O primeiro passo é a migração de espécies de outras áreas para a região onde irá iniciar-se a sucessão. As espécies chegam a essa região através dos elementos de reprodução (esporos, sementes etc.).
As condições desfavoráveis — intensa iluminação, solo muito úmido ou muito seco, temperatura elevada do solo — só permitem o desenvolvimento de algumas espécies.
Essas espécies que se desenvolvem inicialmente no ambiente inóspito são chamadas pioneiras. São espécies de grande amplitude, isto é, não são muito exigentes, não tolerando apenas as grandes densidades.
Esta vegetação é constituída por liquens, musgos, plantas de dunas etc.
Esta primeira etapa da sucessão chama-se ecesis. A ecesis é, pois, a capacidade de uma espécie pioneira de se adaptar e de se reproduzir numa nova área.
vegetação pioneira permite a preparação de um novo ambiente que, por sua vez, permite o estabelecimento de outras espécies vegetais. Outras espécies migram, algumas desaparecem, ocorrendo, conseqüentemente, alterações até se atingir o clímax. Na sucessão, as espécies de maior amplitude ecológica são substituídas pelas de menor amplitude. As populações mais simples precedem as mais complexas; aumenta a diversidade de espécies; as formas herbáceas são substituídas pelas arbóreas. Denominam-se seres as comunidades temporárias que surgem no decorrer de uma sucessão.


Tipos de sucessão ecológica


As sucessões podem ser primárias, secundárias e destrutivas.
1. Sucessões ecológicas primárias
As sucessões primárias correspondem a instalações dos seres vivos em um ambiente que nunca foi habitado.
Exemplificaremos através das sucessões que ocorrem nas rochas e lagoas.
Sucessão numa rocha nua
Os organismos pioneiros são representados pelos liquens. Através de ácidos orgânicos produzidos pelos liquens, a superfície da rocha vai sendo decomposta. A morte destes organismos, associada à decomposição da rocha, permite o aparecimento de outros vegetais como os musgos. Estes, por sua vez, permitem através de sua ação o aparecimento de espécies maiores, como as bromélias e gramíneas.
Sucessão numa lagoa
As águas paradas de lagoas e charcos são formações transitórias. Elas se formam quando o sistema normal de drenagem de terra fica interrompido pela elevação brusca do terreno (tremores de terra) ou por variações que se processam muito lentamente através de longos períodos geológicos. Uma lagoa está sempre em evolução. A tendência geral é o seu desaparecimento final, pois ela vai sendo constantemente aterrada por sedimentos que as águas trazem das elevações vizinhas.
Na lagoa, o plâncton é o primeiro sistema de produtores que se desenvolve. Quando os seus cadáveres começam a enriquecer o fundo das margens com material orgânico, a vegetação aquática pode aí se estabelecer. As folhas e caules mortos aumentam o húmus do fundo, e de ano para ano a vegetação avança das margens para o centro. Na borda, onde estavam as plantas pioneiras, começam a aparecer arbustos lenhosos e, depois de um certo tempo, as árvores. O terreno eleva-se graças à sedimentação de restos vegetais e, finalmente, onde estavam, de início, as plantas aquáticas fixam-se arbustos e árvores, e o que era, de início, o charco marginal se transforma em terra firme.

2. Sucessões ecológicas secundárias
As sucessões secundárias aparecem em um meio que já foi povoado, mas em que os seres vivos foram eliminados por modificações climáticas (glaciações, incêndios), geológicas (erosão) ou pela intervenção do homem. Uma sucessão secundária leva muitas vezes à formação de um disclímax, diferente do clímax que existia anteriormente.
É o caso da sucessão numa floresta destruída.
Um trecho da floresta é destruído (homem ou fogo) e o local é abandonado por certo tempo. A recolonização é feita por etapas: em primeiro lugar, o terreno é invadido pelo capim e outras ervas; depois, aparecem arbustos e, no final, árvores. O processo, simplificado, é o seguinte:
o terreno descoberto recebe sol direto e fica superaquecido, superiluminado e seco. Em tais condições, as sementes das árvores silvestres não vingam, já que exigem sombra e umidade, mas o capim só germina em solo descampado — a terra coberta pelo capim e pelas ervas retém mais umidade. Algumas sementes que antes não podiam germinar agora o fazem, dando ervas maiores e arbustos. Depois de muitos anos, predominam certos arbustos; sua sombra começa a prejudicar o capim e as ervas, e o ambiente fica propício para a germinação de sementes que produzirão árvores. O capim e as ervas pioneiras vão desaparecendo, enquanto as árvores acabam por dominar os arbustos. Cada comunidade que se instala no terreno prepara o ambiente para a comunidade seguinte, que a suplantará. Para finalizar, considere o caso em que um trecho da caatinga é destruído e em área próxima planta-se grande quantidade de árvores florestais.
Depois de um certo tempo, a comunidade clímax vai ser caatinga, e não floresta, porque cada região tem um clímax característico, determinado pelo clima local. A vegetação é reflexo do clima (a floresta é conseqüência da chuva, e não o contrário).
3. Sucessões ecológicas destrutivas
Sucessões destrutivas são aquelas que não terminam em um clímax final. Nesse caso, as modificações são devidas a fatores bióticos, e o meio vai sendo destruído, pouco a pouco, por diferentes seres. E o que acontece com os cadáveres.


Características de uma sucessão ecológica

Em todas as sucessões, pode-se observar que:
  • aumenta a biomassa e a diversidade de espécies;
  • nos estágios iniciais, a atividade autotrófica supera a heterotrófica. Daí a produção bruta (P) ser maior que a respiração (R) e a relação entre P e R ser maior do que 1;
  • nos estágios de clímax há equilíbrio e a relação P/R = 1. 
O ecótono
Geralmente a passagem de uma biocenose para outra nunca ocorre de forma abrupta; costuma haver uma zona de transição, designada ecótono. Em tal região o número de espécies é grande, existindo, além das espécies próprias, outras provenientes das comunidades limítrofes.