domingo, 1 de setembro de 2013

Vegetação do Paraná

Notas sobre as tipologias vegetais do Paraná
Marcelo G. Caxambu

Formações Pioneiras de Influência Flúvio-Lacustre (Várzeas, Brejos): São ambientes geologicamente instáveis, com solos formados por processos de deposição (Neossolos aluviais) ou pela presença acentuada de matéria orgânica (Organossolos). Predominantemente sujeitos a inundações periódicas. Ocorrem em depressões úmidas ou ainda em margens de rios e nascentes. São áreas onde a fisionomia é bastante semelhante à campestre, com vegetação herbácea composta por Poaceae, Cyperaceae, Juncaceae, Typhaceae, dentre outras, sendo semelhantes, ao leigo, as gramíneas de maior porte. São, por essência, áreas de preservação permanente.

Floresta Ombrófila Mista Montana: Formação florestal com chuvas bem distribuídas ao longo do ano, (daí o termo Ombrófila), composta de uma mistura das floras australásicas (Drymis ou cataia e Araucaria ou pinheiro-do-paraná) e afroasiática (Podocarpus ou pinheiro-bravo). O temo Montana, remete a formações ocorrentes, no Paraná, entre 700 e 1000 m de altitude.

Floresta Ombrófila Mista Altomontana: formação de Floresta Ombrófila Mista localizada acima de 1000 m de altitude. Diferencia-se, basicamente, da formação Montana, por possuir uma florística mais simplificada.

Floresta Ombrófila Mista Aluvial (ver Floresta Ombrófila Mista Montana): Ocorre na margem dos rios e fazendo divisa com as formações pioneiras flúvio-lacustres. Algumas espécies são dominantes como o branquinho ou branquilho Sebastiania commersoniana que forma um estrato arbóreo contínuo, ao longo destas áreas, chegando a compor entre 40-60% do número de indivíduos arbóreos deste ambiente.

Savana: Denominada popularmente de cerrado, a savana caracteriza-se por possuir uma vegetação xeromorfa, isto é, com aparência de locais secos. Entretanto, as plantas do cerrado não sofrem déficit hídrico de uma maneira geral. Desenvolveram estruturas subterrâneas como geófitos ou xilopódios, que são verdadeiros troncos subterrâneos que servem para armazenar substâncias nutritivas e água, bem como conferem a planta resistência ao fogo. Muitas plantas também apresentam cascas grossas, como defesa contra o fogo que ocorre neste ambiente.

Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Semi-Caducifólia): Esta formação florestal caracteriza-se por apresentar entre 20 a 50% do componente arbóreo com perda de folhas na época desfavorável (seca ou frio), de onde o termo semidecidual deriva. Se mais que 50% dos indivíduos arbóreos perdessem as folhas, estaríamos frente a uma floresta deciadual. O termo estacional diz respeito a dupla variabilidade climática na região de ocorrência, com chuvas concentradas nos meses mais quentes e um período de seca fisiológica nos meses mais frios.

Floresta Estacional Semidecidual Aluvial (Floresta Semi-Caducifólia): É a formação ocorrente na margem dos rios e das formações pioneiras sob o domínio desta tipologia vegetal. È caracterizada pela presença de ingás Inga spp. e Ficus spp. Ao longo das margens rochosas ou com solo profundo. Em áreas mais úmidas, com presença de neossolos flúvicos, organossolos hidromórficos e gleissolos, ocorrem plantas adaptadas a freqüentes inundações como a sangra-d’água Cróton urucurana, a embaúba Cecropia pachystachya, o novateiro Triplaris americana, ingás Inga spp. Dentre outras espécies arbóreas a arbustivas. Se comparada a Floresta Estacional Semidecidual Submontana, apresenta menor número de espécies por conta das exigências ambientais existentes.

Estepe gramíneo-lenhosa: O termo estepe tem origem na Rússia e foi empregado pelo IBGE para definir os campos gerais. O termo gramíneo-lenhosa refere-se à presença de ervas graminóides e arbustos esparsos. Para alguns vários pesquisadores a Estepe é muito semelhante à Savana, tanto em termos florísticos, como adaptativos.

Formações Pioneiras de Influência Flúvio-Marinha (mangues e campos salinos): São ambientes encontrados no litoral do estado, na foz dos rios que desembocam no mar. Caracterizam-se por terrenos geologicamente instáveis, como solos lodosos, pobres em oxigênio. Desta forma as plantas que vivem nestes locais criaram adaptações como os pneumatóforos, que são raízes que se projetam do solo, para captar o oxigênio e, em função do embate das marés, as essências arbóreas possuem projeções do caule denominadas de escoras, que servem para fixá-las no solo. Os extremos de salinidade também são constantes com as marés cheias e vazantes, o que explica o reduzido número de espécies arbóreas adaptadas a este ambiente, ou seja, três: Avicennia schaueriana (Avicenniaceae); Rhizophora mangle (Rizophoraceae) e Laguncularia racemosa (Combretaceae). Antecedendo os mangezais, encontram-se os campos salinos compostos de ervas de porte baixo, destacando-se Cyperaceae e Poaceae.

Formações Pioneiras de Influência Marinha (restingas):
A fisionomia deste ambiente é associada a condições ambientais adversas tais como a salinidade, os ventos e a condições pedológicas desfavoráveis, principalmente em dunas não fixadas. Para o interior, existem dunas fixadas pela vegetação, onde, no lado exposto ao vento, as plantas tem porte baixo, retorcido, enquanto que no lado protegido da duna, com condições mais favoráveis, algumas espécies como o araçá Psidium cattleianum tem porte arbóreo. Entre duas dunas consolidadas aparecem áreas úmidas com comunidades de plantas características desta condição.

Floresta Ombrófila Densa: é a formação florestal mais rica do Sul do Brasil, com maior quantidade de espécies e com alturas que podem chegar a 35 m. É denominada de densa em função do entrelaçamento das copas das árvores. Esta formação compreende sub-formações, principalmente em função de características do solo e dos diferentes patamares altitudinais.
Floresta Ombrófila Densa Aluvial: Ocorre na beira dos rios da Serra do Mar e a florística é determinada principalmente pela altitude e pelo material de origem dos solos existentes naquele ambiente.

Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas: É a formação florestal existente entre o nível do mar e 20 metros acima deste, constituída de duas situações: a primeira com solos influenciados pela umidade, onde são comuns caxetas Tabebuia cassinoides e o guanandi Calophyllum brasiliense, formando por vezes formações que são chamadas, respectivamente, de caxetais e guanandizais. A segunda com solos bem mais drenados, onde o guanandi está ausente ou é muito raro e encontram-se espécies arbóreas de áreas mais secas como canelas, ingás, palmeiras (incluindo o palmito), mirtáceas, dentre outras essências.


Floresta Ombrófila Densa Submontana: Compreende a formação entre 20 e 600m sobre o nível dos mares. Esta formação é bastante diversificada do ponto de vista vegetal. Desenvolve-se em diferentes tipos de solo. Neste ambiente são encontrados, dentre outras espécies, o guapuruvu Schizolobium parahyba, a embaúba Cecropia spp. e o palmiteiro Euterpe edulis, que são considerados, em termos práticos indicadores deste patamar altitudinal pela sua presença, pois já não ocorrem no patamar montano

Floresta Ombrófila Densa Montana: É bastante semelhante em termos florísticos ao patamar submontano, entretanto é mais pobre em número de espécies que aquele em função da ocorrência de eventuais geadas e em função de solos mais rasos. Situa-se entre 600 e 1200 m de altitude.


Floresta Ombrófila Densa Altomontana: Compreende as formações campestres e florestais que se desenvolvem no alto das serras, acima de 1200 m de altitude. Possuem menor número de espécies vegetais em relação ao patamar montano, em função de solos muito rasos e ventos fortes. É uma ambiente com acentuada umidade relativa do ar ao longo do ano e baixas temperaturas. Os indivíduos arbóreos possuem altura variando entre 3 e 7 metros. É chamada de “mata nebular” em função da presença das nuvens vindas do Oceano Atlântico.